
GUERREIRO XAVANTE
Em Mato Grosso houve um índio
da valente tribo Xavante
queria ser mais distinto
queria ser importante
Deixou sua simples tanga
colocou terno e gravata
deixou as suas miçangas
e foi atrás de bravatas
Foi para a cidade distante
aprendeu a ler e contar
não era mais ignorante
podia até se candidatar
Ficou muito aculturado
muita coisa ele aprendeu
assim, sabido e alinhado
as eleições ele venceu
Esqueceu o arco e a flecha
aprendeu a usar gravador
registrava toda a conversa
registrava toda a conversa
até falas com o governador
Não tinha papas na língua
dizia com toda a razão:
“povo morre à míngua...
governo ser muito ladrão"
Dizia: “Branco é safado
branco não ter coração
branco ter muitas mulheres
branco não ser meu irmão"
“Branco não gostar de índio
só sua terra ele querer
branco lograr o índio
com seu modo de viver”
Era garboso e falante muito
fazia por seus iguais
incomodava os governantes
dava trabalho aos tribunais
Assim o tempo passando
e ele, as verdades dizendo
inimigos à frente achando
e poucos amigos fazendo
Cansado de tantas asneiras
e de tantos maus governantes
voltou para a sua aldeia
ser só“ Guerreiro Xavante”
Doroni
Nenhum comentário:
Postar um comentário